novembro 01, 2010

Lembrando Marilyn...

   Desde os cinco anos comecei a querer ser atriz. Adorava representar. As pessoas que me adotaram, quando eu ainda era pequena, me faziam ir ao cinema, para não ficar atrapalhando em casa. Eu me sentava na primeira fila. E passava o dia inteiro e uma boa parte da noite diante da imensa tela. Como0 gostava daquilo! Amava todos aqueles homens e mulheres.

   Quando comecei a pensar que estava ficando famosa, estava a caminho do aeroporto. Na volta, vi uma fachada de cinema com meu nome  iluminado. E eu disse: Alguém se enganou.

   O talento se cultiva na intimidade. Mas as pessoas estão sempre atrás de você. Dir-se-ia que elas gostariam de dispor de você, apossar-se de seus pedaços.

   Quando somos célebres, cada uma das nossas fraquezas é amplificada ao máximo. O cinema devia ter para conosco os mesmos cuidados de uma boa mãe, cujo filho acaba de sobreviver a um desastre de automóvel. Mas, em vez de nos apertar contra o peito e de nos consolar, o cinema nos castiga drasticamente.

   Adoro representar comédia. Sobretudo porque tenho vocação e acredito dar a nota justa. Além disso, sejamos francos: eu precisava ganhar o meu pão de cada dia. E o ganhei com a maior humildade.

   Não me importo em ter de ser glamourosa e sensual. Mas as coisas que isso implica são um fardo. Um objeto sexual se torna uma coisa. Detesto ser uma coisa.

   Por que resolvi estudar arte dramática? Muito simples: porque assisti a todos os meus filmes.

   É assim que os homens pensam em mim: com a saia cobrindo minha cabeça.

   A glória para mim é uma felicidade passageira e parcial. Não é um regime diário que me alimenta. É como caviar, excelente e insuficiente. Nunca tive a sorte de conhecer a felicidade.

   Sinceramente, eu acredito que cada um tem o sucesso que merece. Decidi, desde então, viver apenas para o meu trabalho e para os meus poucos amigos leais. A celebridade passará? Pois que passe! Adeus, celebridade. Você foi minha e eu sempre soube que não valia grande coisa. Para mim não passou de uma experiência. Mas você não foi a minha vida.

   Se sou uma estrela, foi o público que me fez estrela, não o estúdio nem ninguém em particular. O público.

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