julho 02, 2010

Inesquecível Chaplin!


A pantomima serve perfeitamente onde as línguas se embaralham no meio da ignorância comum.


A obra cômica, se realizada com vida, pode ser tão grandiosa quanto uma tragédia grega.


Todas as minhas aspirações secretas, contidas, são satisfeitas quando escrevo e realizo um filme como O Grande Ditador. Entre o ditador e eu, não consigo distinguir qual é o verdadeiro Chaplin.


Muita gente me pergunta onde foi que me inspirei para criar a minha peronagem. Na verdade, Carlitos aparece como sendo a síntese de muitos ingleses que eu via em Londres quando era jovem: tipos de pequena estatura, de bigodinho pretos, roupas bem justas, e sempre portando uma bengala de bambu. A idéia da bengalinha foi a mais feliz de todas, pois foi ela que caracterizou a personagem e a tornou conhecida mais rapidamente. Desenvolvi o seu uso ao ponto de torná-la cômica por si só - por exemplo, quando ela se enroscava no pé de alguém ou puxava uma pessoa pelo ombro. Muitas dessas cenas acabavam por se tornar, inesperadamente, muito engraçadas.


Na verdade, a personagem Carlitos - essa figura que não sou eu, mas que se assemelha comigo como a um irmão - é para mim uma terrível responsabilidade.


Sem minha mãe, acho que jamais teria me saído bem na pantomima. Ela possuía a mímica mais notável que já vi. Às vezes, ficava durante horas à janela, olhando para a rua e reproduzindo com as mãos, os olhos e a expressão de sua fisionomia tudo o que se passava lá embaixo. E foi observando-a assim que eu aprendi não somente a traduzir as emoções com as minhas mãos e meu rosto, mas sobretudo a estudar o homem.


As duas personalidades que eu mais desejaria recriar em um filme seriam Napoleão e Jesus Cristo... Não representaria Napoleão como um general poderoso, mas como um ser fraco, taciturno, quase melancólico e sempre importunado pelos membros de sua família. Quanto a Cristo, gostaria também de modificá-lo no espírito das massas. Acho que a personagem mais forte, mais dinâmica e mais importante que já existiu, acabou por ser terrivelmente deformado pela tradição. Mostrá-lo-ia, então, acolhido em delírio por homens, mulheres e crianças. As pessoas iriam ao seu encontro para sentir seu magnetismo. Não mais seria um homem piedoso, triste e distanciado; um solitário que acabou por ser o maior incompreendido de todos os tempos.


Creio que Monsieur Verdoux é o melhor e o mais brilhante dos filmes que já fiz.


Faço parte do mundo - e no entanto ele me deixa perplexo.


No fundo, sou um pierrot sentimental.


 Não posso crer que nossa existência não tenha sentido, que seja mero acidente. como nos querem convencer alguns cientistas. A vida e a morte são determinadas demais, por demais implacáveis, para que sejam puramente acidentais.


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